Equinócio de Primavera e os Rituais da Natureza

Por Clarissa Cruz

Somos parte da Natureza, nem mais nem menos que nenhum outro ser vivo que habita este planeta. Somos feitas do pó das estrelas e necessitamos do alimento que a terra nos oferece. Conectadas ao Universo e, portanto, à Terra, nos percebemos cíclicas e cocriadoras desta maravilha que é a vida. 

Sim, tudo isso é em honra à primavera! Essa estação do ano que, querendo ou não, traz consigo a esperança. E mesmo se você não mora num local em que as mudanças são óbvias, com certeza, se parar pra prestar atenção nos detalhes, encontrará a presença dessa entidade que traz flores, sementes e vida. 

As folhas caíram ou amarelaram no outono, assim, as árvores guardam energia. Tudo, então, ficou mais seco, mais silencioso e menos diverso. Alguns animais dormiram, alguns insetos se esconderam sob o solo. Foi o inverno. Agora, mais passarinhos e borboletas começam a aparecer, muitas árvores frutíferas começam a florir… O ânimo do recomeço está no ar.

Será que deveríamos comemorar a nossa Páscoa agora? Vamos te contar uma história, vem com a gente!

Antes de o mundo se tornar artificial

Resumindo bem, antes de o mundo ocidental ser invadido pelo pensamento branco-cristão-eurocentrado, a vida era regida pela Sabedoria da Natureza. A tal cultura dominadora se apropriou de elementos sagrados, que foram, por eles mesmos, massacrados e deturpados. Por todo o mundo, temos registros de comunidades inteiras regidas pelo culto aos elementos, pela compreensão e respeito aos ciclos, essa força motriz que nos faz evoluir.

Além disso, em um mundo em que não havia indústrias fabricando incansável e desnecessariamente tanta coisa, a chegada da primavera era sinônimo de alimento e abundância. Daí a existência de festivais — mais ou menos próximos ao Equinócio da Primavera — para festejar a vida. Como a celebração de Pachamama em agosto nos Andes e o Festival de Ostara nos países nórdicos, por exemplo.

Símbolos sagrados e naturais

Inclusive, toda a simbologia da Páscoa foi reaproveitada da festa dedicada a essa deusa — Ostara, que era representada por ovos, flores e coelhos, esse animal tão fértil. E claro que o ovo não é do coelho, como gostam de fazer piada. Veja quais são os símbolos e por que foi impossível o cristianismo se desvencilhar deles:

  • o ovo é um dos maiores símbolos universais de fecundidade, de vida latente, prontinha para se manifestar;
  • as flores dão abrigo às sementes, que se transformarão em frutos com ainda mais sementes ou que poderão conceber outras flores para alimentar pássaros, abelhas e insetos em geral;
  • o coelho é esse animal extremamente fértil que, além de se reproduzir o ano inteiro, gera muitos filhotes a cada procriação.

Ressuscitamos todos os anos

Olha aí, a simples e misteriosa natureza presente em nossas vidas. Bom, e o que isso nos faz pensar? Que se animais e vegetais estavam mais quietos, adormecidos ou até mesmo sob o solo no inverno, quando chega a primavera… a Terra ressuscita! E veja que maravilha, TODOS os anos!

Agora, imagina! Se nós, humanes, somos parte dessa natureza, o que será que acontece com a gente? Seja física ou sutilmente, em maior ou menor grau? É bem provável que ressuscitemos também, certo? Sabe aquele plano que tá lá na gaveta? Sabe aquele sonho que ficou adormecido? Pega ele, dá uma olhadinha pra entender se é tempo de ressuscitá-lo.

Celebrando o Equinócio de Primavera

Para dar ainda mais força a essas sementes de sonhos e planos que você quer ver florescendo, faça um lindo ritual. Não precisa ser nada complexo, aliás, se pensarmos bem, tudo na Natureza é, a princípio, bem simples. A magia vai acontecer com a sua intenção e com a sua atenção e cuidado. Deixe a sua intuição falar mais alto.

Seguem aqui algumas dicas do que você pode fazer:

  • prepare um fogo, pode ser uma fogueira mesmo ou um pequeno caldeirão com alguns galhos e folhas secas;
  • enfeite você e o ambiente com flores e cores (tapetes, panos, lenços...);
  • escreva uma carta onde todas as sementes estarão presentes;
  • cante, dance em volta do fogo. Se tiver tambor, pode tocá-lo;
  • acenda um incenso ou coloque alguma resina na brasa;
  • mantenha uma jarra de água para abençoar e tomar durante o ritual;
  • queime a carta quando sentir que é a hora, entregue para o Universo;
  • agradeça.

Conhecendo a natureza, conhecemos mais a nós mesmas. Conhecendo mais a nós mesmas, ficamos menos suscetíveis à dominação. Não sendo dominadas, nos tornamos mais livres. Sendo mais livres, manifestamos a nossa própria essência. E é justamente isso o que viemos fazer neste planeta, sermos quem somos, manifestarmos a nossa essência, aquilo que só nós podemos fazer aqui e agora.

Encontrar essa sintonia fina é a chave para um corpo (físico, emocional e mental) mais saudável, uma alma mais realizada e uma vida com mais sentido. Tudo isso reverbera em todos os seus relacionamentos, seja com humanes, animais, vegetais, minerais, seres visíveis ou não. Aproveite a primavera para se aproximar da natureza, de você mesma e de todo o Universo.

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