Liberdade e feminismo, o que isso tem a ver comigo?

Por Gailesh e Carol Neves

Feminista, eu? 
E você, é?
Você é livre? 

Não responda ainda... pare por 1 minuto e reflita sinceramente. Observe e busque perceber onde existe, ou não, liberdade na sua experiência de vida. Nas pequenas ações da sua rotina e na forma como você se expressa.

Sabemos bem que hoje temos muito mais liberdade de expressão do que há algumas décadas ou séculos. Sim, “décadas”, é necessário reconhecer que nossa voz no mundo hoje é escutada de forma completamente diferente do que foram escutadas as vozes de nossas mães ou avós. 

O convite é refletir sobre a sua história e como ela é o fruto da história das lutas e batalhas femininas que nos trouxeram até aqui, para que pudéssemos nos sentir finalmente livres. Será?

Por milhares de anos, a mulher teve o dever de servir ao homem e à família. A partir do século XVIII, através da coragem de mulheres visionárias, o papel da mulher na sociedade começou a ser questionado. Naquele tempo, esse questionamento, muitas vezes, custou suas próprias vidas. Mulheres foram queimadas, assassinadas, violentadas e silenciadas… 

Não vão mais nos silenciar

Nossa voz ganha força no mundo.

E estamos aqui graças a mulheres que tiveram a coragem de expressar sua verdade, a nossa verdade. Nossa voz ganha força quando nos unimos em um propósito comum. 

Mas qual é a nossa luta? Muito já conquistamos desde que a primeira mulher se levantou contra a submissão e os abusos do patriarcado, mas ainda há muito a ser feito.

Ainda paga-se menos às mulheres que aos homens pelo mesmo trabalho, ainda somos as maiores vítimas de violência doméstica, ainda somos vítimas de todo o tipo de abuso e violência, ainda temos medo de andar sozinhas pelas ruas à noite, ainda sofremos violência obstétrica, ainda temos menos voz política e social.

Acima de tudo, ainda há uma luta a ser travada dentro de nós mesmas, para que amemos nossos corpos, reverenciemos nosso sangue, vejamos as outras mulheres como irmãs, curando todas as feridas que há no inconsciente coletivo feminino, incluindo todas as que se sentem mulheres, mas que nasceram em um corpo masculino, reverenciando também o masculino sagrado e abrindo o coração para a dor também desse masculino ferido. Nos despindo de tudo o que o patriarcado construiu dentro de nós mesmas.

A mudança começa aqui dentro!

A batalha não terminou. É necessário reconhecer que muitas de nós ainda somos escravas das próprias conquistas almejadas no passado.

A mulher contemporânea, além de ser mãe, mulher, amante, cuidar da família ou fazer toda a gestão desses cuidados, ainda precisa conquistar o seu espaço no mercado de trabalho e na sociedade e ainda sente o peso da cobrança social de estar sempre bem, bonita, arrumada, adequada.

Na busca pela liberdade, conquistamos também maiores demandas, exigências, e expectativas a serem atendidas como "BOA MULHER". E isso para muitas de nós tem sido, além de pesado, aprisionador.

Busque a sua liberdade

Então, novamente te pergunto: você é livre?

Perceba se na sua vida você está constantemente tentando atender as expectativas da sociedade para dar conta de tudo e ser uma "boa mulher".

Reflita se está se permitindo Ser Mulher. Se seus ciclos naturais são livres, se sua sexualidade é livre, se suas escolhas de vida são expressões dos seus desejos mais profundos.

A melhor forma de reverenciarmos aquelas que vieram antes de nós, é preparando um terreno fértil para as que estão por vir. Então, hoje, quando olhar para uma mulher, olhe nos olhos dela, reconheça suas batalhas internas, reverencie sua luta, ofereça ajuda.

Não se esqueça também de se olhar no espelho, bem no fundo dos seus olhos, reverenciar o feminino que há em você e honrar todas as mulheres da sua linhagem e da sua história, que fazem parte de quem você é!

Por isso MULHER, busque sua liberdade!

Não se submeta aos padrões sociais de opressão à sua verdadeira natureza! Seja livre e abra suas asas para voar!

  

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Crédito Imagem: Melissa Maurer

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